O frio está chegando. Que tal abrir um vinho branco?
Muitos pratos, inclusive alguns bastante consumidos no inverno, harmonizam melhor com vinhos brancos do que com tintos | Vinhos do Guia: 10 ótimas opções de brancos para abastecer sua adega
Ricardo Cesar
É verdade que não se fazem mais invernos como antigamente. Mas já estamos em maio e – esperamos – cedo ou tarde a onda de calor atípica que está deixando as regiões Sudeste e Centro Oeste do Brasil com cara de verão vai arrefecer (isso para não falar das catástrofes decorrentes de mudanças climáticas como as enchentes no Rio Grande do Sul - mas essa é outra história). Muita gente espera ansiosa o termômetro baixar alguns graus para abrir um bom vinho tinto.
Nada contra, até porque muitos desses produtos se mostram mesmo excessivamente pesados para serem apreciados no calor. São bebidas robustas, que “esquentam” o corpo e que combinam com pratos igualmente substanciosos. É mais do que justo aproveitar as ocasiões de frio - que são cada vez menos frequentes – para se esbanjar nesses pequenos grandes prazeres.
Mas – tem sempre um mas – será que os tintos são a única boa escolha para os dias e noites mais frescos?
A resposta é não.
Que fique claro: o objetivo aqui não é criar polêmica com quem curte um vinho tinto no frio. A ideia é apenas chamar a atenção para outras possibilidades que podem ser igualmente prazerosas -- e que por vezes são descartadas de forma quase automática, sem nem serem consideradas. Como se a equação “frio + comida = vinho tinto2” fosse uma espécie de lei da gravidade da gastronomia. Essa é uma ótima fórmula, sem dúvida, mas não é a única que permite chegar a um resultado satisfatório.
Os brancos – sobretudo aqueles mais encorpados - podem ser também uma ótima companhia no frio. Esses rótulos não devem ser bebidos muito gelados e sim apenas refrescados, ali ao redor de 10 a 13 graus. Não estamos falando, afinal, de bebidinhas ligeiras e refrescantes, para serem sorvidas na beira da piscina sob um sol escaldante, mas sim de vinhos extraídos, frequentemente com passagem por barris de carvalho, cuja riqueza de sabores e aromas ficaria adormecida caso fossem servidos a temperaturas muito baixas.
Esses produtos podem se untuosos, ‘gordos’, com teor alcóolico mais alto e também capazes de “esquentar” quem bebe. E o mais importante: muitos pratos, inclusive alguns bastante consumidos no inverno, harmonizam melhor com vinhos brancos do que com tintos.
Duvida? Pense num fondue de queijo, sempre tão associado ao inverno e aos vinhos... tintos, na concepção de muita gente por aqui. Ocorre que a melhor harmonização para diversos queijos se dá justamente com brancos.
A tradicional receita suíça de fondue com gruyère e emmental é uma boa prova disso. A acidez da bebida “corta” a gordura do queijo, ao mesmo tempo que vinhos brancos que passam por um processo conhecido como fermentação malolática ganham toques amanteigados que casam perfeitamente com queijos. (Sim, também é possível combinar com tintos, especialmente mais leves, frutados e de boa acidez; e diferentes tipos de queijo harmonizam com diferentes vinhos).
Muitos outros pratos que podem ser consumidos no inverno, como tortas e quiches, massas com molhos brancos, pratos de frutos do mar com preparos à base de manteiga e molhos encorpados, dentre vários outros, também frequentemente harmonizam melhor com vinhos brancos.
Vinhos do Guia: brancos para o frio e para o calor
Confira uma seleção de 10 ótimas opções para abastecer sua adega - e aproveite tanto agora, nesse calorão fora de época, como também mais adiante, quando o frio chegar:
Penedo Borges Selección de Parcelas Chardonnay 2021
Branco ambicioso, que revela o perfil da chardonnay. Notas de caramelo, creme brûlée, maça assada, baunilha e mel. No paladar, tem boa cremosidade, toques lácteos e frescor.
Zuccardi Q Chardonnay 2020
Chardonnay em estilo barricado e amanteigado – como muitas vezes se espera dessa uva. O nariz remete a pipoca, baunilha e cocada branca. A boca mostra frutas brancas e boa acidez, o que alivia o peso do conjunto.
Esporão Reserva Branco 2021
Feito com uvas de cultivo orgânico, o vinho aponta para o estilo de fruta madura, com frutas de caroço maduras (ameixa amarela e nectarina) e lima. Na boca a presença da madeira se nota pelas notas de marzipã e baunilha, junto com a leve untuosidade. O frescor poderia ser um degrau mais intenso para dar fluidez maior ao conjunto.
Zind-Humbrecht Riesling Roche Roulee 2019
Ótima introdução ao que a Alsácia pode proporcionar – que não é pouca coisa -, esse branco traz um nariz com lima, pedra molhada, mineral e uma sutil fruta de caroço fresca e branca. A boca não decepciona, com umami, uma sensação de salgado e ácido, final longo e elegante.
Bouza Chardonnay 2021
Chardonnay com estágio de 9 meses em barricas de carvalho e notas amanteigadas, mescladas com frutas brancas, nectarina e péssegos. Untuoso e mais exuberante no paladar, com notas de baunilha e com frescor na medida.
Pizzato Chardonnay Legno 2022
Um branco mais encorpado, com visual dourado claro e madeira aparente desde os aromas. Tem baunilha, creme de confeiteiro, fruta branca em calda, amêndoas e flores brancas. A boa acidez amarra o conjunto untuoso.
Albert Mann Riesling 2020
Um vinho instigante, apresenta um nariz com ervas aromáticas (estragão), giz e fruta branca de caroço madura. Na boca o ataque é untuoso e aparecem casca de limão e toque umami. Corpo leve, mas boa intensidade de aromas e sabores.
Château du Tariquet Domaine Tariquet Réserve Côtes de Gascogne IGP 2019
Para sair da mesmice – e sair com o pé direito. Um corte inusitado de diversas uvas que passa seis meses em barril de carvalho, esse vinho dourado claro traz aromas de pêssego em calda, mel, maracujá e gengibre em pó. Potente e amplo, mas com frescor.
Dante Robino Legado Blend de Blancas 2022
Blend de chardonnay, com sémillon e sauvignon blanc, traz notas de frutas brancas e secas, como amêndoas. No paladar, tem boa cremosidade, com as notas frutadas bem integradas com a madeira.
Domaine Tournon Mathilda Viognier Marsanne 2019
Projeto da família Chapoutier (Rhône) na Austrália, onde as variedades do Rhône foram planatdas em pé-franco, sem enxerto. Na taça nariz bastante puro com limão, frutas de caroço brancas, ervas e grama cortada. Na boca percebe-se delicada untuosidade, que ajuda a compor o bom corpo e uma acidez pulsante finaliza o conjunto com competência.
Acesse o site do Guia dos Vinhos 2023/2024
O Guia dos Vinhos 2023/2024 continua à venda nos canais da Amazon. A entrega é muito rápida. Uma sugestão de presente para aquele amigo(a) que, como você, também curte um bom vinho. Para adquirir o seu exemplar clique nos links abaixo:
Versão Impressa
Kindle
Um brinde.
Suzana Barelli, Marcel Miwa, Beto Gerosa e Ricardo Cesar.
Curtiu? Compartilhe nossa newsletter com um amigo clicando no botão abaixo