Vinheria, do nome aos 40 anos
A Vinheria Percussi é um restaurante que rompe a barreira da gastronomia, flertando muito com o vinho, com foco nos rótulos italianos. Há muitos anos é parada obrigatória para os amantes de vinho.
Suzana Barelli
Pouco mais de 40 anos atrás, o italiano Luciano Percussi decidiu abrir um lugar para vender vinhos em São Paulo e alguns sanduiches. O cenário brasileiro era bem diferente, as importações de brancos e tintos não eram liberadas, mas ele tinha se arriscado a comprar algumas garrafas no Rio Grande do Sul e queria vendê-las em São Paulo. Não tinha dúvidas do nome: Enoteca. E, claro, colocaria o seu sobrenome. Mas quis o destino que uma arquiteta amiga implicasse com o nome: enoteca? Ninguém entenderia. E sugeriu vinheria. Era a época das danceterias, já tinha as padarias, a terminação “eria” era muito mais sonora do que o estranho enoteca.
E assim nascia um modesto ponto em Pinheiros, com vinhos e sanduiches, na rua Joaquin Antunes, em 1985. A frente do negócio, o casal Luciano Percussi (1926-2023) e sua mulher Maria Grazia. Provavelmente nem sonhassem que o pequeno espaço se transformaria em um restaurante de sucesso, com foco na gastronomia italiana e que, em 2025, completaria 40 anos – as comemorações começaram em abril, com um jantar com menu inspirado na Liguria.
Mas por que escrever de um restaurante nessa newsletter de vinhos? A nossa proposta, aqui, é sempre pontuar vinhos, as tendências e as histórias dos brancos, tintos, rosés e, mais recentemente, também dos doces e fortificados. A Vinheria Percussi, no entanto, é um restaurante que rompe a barreira da gastronomia, flertando muito com o vinho e, principalmente, com muito foco nos rótulos italianos – atualmente, cerca de 70% de sua carta de 350 rótulos são deste país.
E este flerte com o vinho não ficou apenas no seu nome ou na sua origem. Aliás, o nome vinheria foi patenteado e até recentemente, quando venceu esta exclusividade, nenhum estabelecimento poderia ser chamado de vinheria no Brasil.
Os filhos se juntaram ao negócio, que começou a crescer. Em 1987, Lamberto Percussi passou a cuidar da parte administrativa e não tardou para entrar também na dos vinhos. Na época, a vinheria já era uma pioneira em ter o vinho da casa com o seu nome. “Meu pai comprava o vinho de um projeto da Todescchini em Flores da Cunha”, lembra Lamberto. Mas o filho foi atrás de outros produtores e não demorou muito para rotular um tinto da Miolo como vinho da casa. Era a época que essa vinícola gaúcha surgia como promissora entre os pequenos produtores brasileiros.
No ano seguinte, a irmã Silvia começou a cuidar da cozinha, dando ares mais gastronômicos ao negócio. Já não eram mais os sanduíches, e o menu começava a ganhar um viés de receitas italianas, e a casa mudou de endereço, na rua Cônego Eugenio Leite, também em Pinheiros. Ao mesmo tempo, as importações foram liberadas, o interesse pelo vinho começou a crescer no Brasil e Lamberto investiu em transformar o restaurante em um endereço para confrarias, jantares harmonizados, entre outros eventos.
Não demorou para a Vinheria ser a parada obrigatória para os amantes de vinho. Na gastronomia, o reconhecimento veio, com diversas premiações e menus harmonizados. Em 2017, foi ousado e passou a importar vinhos, da Itália, claro, como os rótulos do Vajra, do Piemonte. Logo depois da pandemia, a casa ganhou o seu terceiro endereço, também em Pinheiros, agora na rua Bianchi Bertoldi. E, no novo projeto, uma enorme adega é um dos destaques do salão. E agora, chegando aos 40 anos, é de se perguntar qual será a próxima ideia dos Percussi no mundo do vinho.
Leia também
É novo por aqui ou perdeu alguma newsletter? Clique nos links abaixo e leia o que já escrevemos sobre os temas abaixo:
Vinhos do Guia da semana: dois italianos
Poderi del Paradiso Chianti Colli Senesi Riserva 2022
Uma das sete sub-regiões do Chianti Classico, este Colli Senesi Riserva se destaca pela intensidade e complexidade. Na palheta de aromas, frutas vermelhas (cereja fresca e morango), um sutil terroso, toffe e baunilha. Acidez intensa e viva, paladar mais terroso ainda com especiarias (canela, noz-moscada), embalados por taninos com boa firneza, que pedem comida.
Fattoria Montecchio Chianti Classico Riserva 2019
O Riserva é a máxima expressão do Chianti. No geral, é um vinho de guarda. Esta safra de 2019 é prova disso. Ainda vai longe. O vinho e o tempo revelam cereja fresca, defumado, castanha assada, mix de ervas e flores sutis. boa acidez com fruta vermelha (cereja e morango) bem integrada com a boa acidez e taninos firmes. No final, canela e capuccino.
* Preços indicados pelos produtores e importadoras em julho de 2024 (Guia 2024)
Como comprar o seu Guia dos Vinhos 2024/2025
O Guia dos Vinhos 2024/2025 está à venda nos canais da Amazon.
A entrega é muito rápida.
Para adquirir o seu exemplar clique nos links abaixo:
Versão Impressa
Kindle
Um brinde.
Suzana Barelli, Marcel Miwa, Beto Gerosa e Ricardo Cesar.
Curtiu? Compartilhe nossa newsletter com um amigo clicando no botão abaixo